domingo, 16 de outubro de 2011

E depois...

Porquê já não interessa...
O tempo das coisas virou-se do avesso e na minha cabeça instalou-se um reboliço.
Sei te de cor cada gesto.
No peito a memória cheira a tinta fresca e cada pincelada esconde o caminho por onde me perco na grandeza desse abraço que me engole, que consome inteira a alma.
Odeio este tempo que nos separa e todos os minutos que ainda faltam.
Quero pintar-te, olhar para ti como se fosses uma tela em branco.
Guardar te nesse espaço só meu.
Hoje é apenas mais um dia, ainda consigo sentir o teu cheiro...e amanhã vou lembrar o teu cheiro e no outro dia vou agarrar me á memória do teu cheiro...
E depois...
Odeio este tempo que nos separa...
Este movimento perpétuo que nem o tempo desgasta, este exercício de memória obstinado que me transporta para longe do meu corpo.
Sentimentos, difíceis, volúveis, sem peso nem medida...
Arrastam me para um precipício sem fundo onde a consciência não tem passado nem futuro.
É tão fácil amar-te.
Vou pintar te de azul, profundo intenso, o mesmo azul que separa o dia da noite.
E depois...
Porquê já não interessa...

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