domingo, 16 de outubro de 2011

Miseráveis!



Miseráveis!
Todos os dias levantamo-nos da cama, cheios de energia e determinação...
Vestimos o fardo de uma vida sem arbítrio, tapando o corpo gasto, dorido, fatigado...
Já não abrimos as pálpebras de tanto peso, de tantas fezes...
De olhos encostados ao chão escondemos a vergonha, o desespero baço...
Trabalhamos o dia inteiro, exsudamos cada cêntimo, cada prestação, cada pedaço de pão, cada copo de vinho, cada cigarro...
Alimentamos os porcos, os feios, os maus!
Meios vivos, satisfazemo-nos de migalhas, rapamos o tacho se for preciso...
Coitados!
Caímos, meios vivos no sofá e mergulhamos cegos, surdos e mudos numa solidão destrutiva.
Sobrevivemos.
A liberdade saiu para a rua!
Resistimos...
Gritamos os gemidos silenciosos, dos sonhos, dos desejos, da justiça, da igualdade...
A liberdade saiu para a rua!
Gritamos outros tempos, outras guerras, outras lutas...no conforto falso de um sofá velho e consumido.
De orgulho ao peito, exibimos rubra a saudade.
O povo unido já mais será vencido!
A cada hora que passa morre a memória, morremos todos!
A cada minuto que passa os porcos ficam mais porcos e os feios mais feios, a cada segundo que passa os maus ficam pior...
Somos sombras, reflexos, somos resultados!

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