segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O tempo já não existe...


Sem olhos, sem boca, sem mãos...
Corro, descalça a colina das memórias.
Sinto as pedras frias, sinto o gelo do inverno, todos os segundos trespassando o corpo, a pele.
Na simplicidade dos teus gestos repousa o brilho intenso dos meus olhos.
Passo cem vezes os dentes tortos da escova pelo fino e fulvo filamento de cada fio de cabelo, tentando organizar o caos dos meus pensamentos.
Já descobri cada dedo, cada beijo...
Aqui me sento, aqui no tapete azul profundo, aqui onde os nossos sonhos se escondem da realidade, ensaio cada pausa, cada suspiro, cada momento mágico, cada desejo.
Transformo cada imagem, cada palavra, em figuras metamorfoseadas, codificando sentimentos, momentos, memórias íntimas, segredos.
Já não existe o lugar, apenas cheiro, apenas a cor incarnada na pele na alma...
Nos braços, abraços, ouço cada nota, cada compasso a passo e passo deixo me ir no calor do teu corpo, deixas te ficar dançando, a lua branca derramando a noite.
O tempo já não existe...
Apagamos todos os segundos, todos os minutos.
Agora o tempo já não existe!

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