quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Patrick Wolf - Vulture (Official Video)

Preta clara



No fundo da lagoa fica a alma espelhada de olhos esbugalhados, guardas frios e húmidos os segredos de uma vida inveterando as mãos grandes no corpo barro, desafogando diálogos profundos das águas cristalinas, cirandas de vento cobrindo de cor cada movimento cada ponto cada segmento.
De coração na boca desvias a luz verde e o sal entranhado de cristais e outros que tais, cobres-te de braços e trapos com abraços acolhes no teu peito o sol e a lua, danças laranjas de fogo e azul metal e á superfície cantas histórias de pés descalços pelo quintal.
Por de trás da cortina ouvem-se os andamentos ritmados marcando na areia molhada os dedos calos de tanta estrada, no fundo da janela vislumbram-se vozes nas bordas dos tachos, cheira a mar, cheira terra, no chão da lagoa os bichos escondem se de vaidades e na ponta da corda revelas catraia uma curiosidade endiabrada.  
Preta clara de olhos pequenos sorri.
Tímida, esboças esgrafitando palavras paridas de cansaço. No fundo da lagoa trova a tágide o tempo, encanta de saltos vermelhos teu tormento e no entardecer terás sempre enorme a lua salpicando-te de luz ao relento.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Criar é um suspiro de liberdade...





Toda obra autêntica é resultado de constantes metamorfoses, transmutações reais que nos transportam da espessa forma à subtileza do conceito e á complexidade do sentir. É um processo de depuração doloroso, penando a alma e o corpo num movimento constante numa prática obsidente, erigindo um resultado. Não se trata de reflexões ou raciocínios cartesianos, é um fluir espontâneo, um movimento perfeito e intimo.
Criar é um suspiro de liberdade.
E a liberdade assusta.
Mastigam-se as palavras espremendo de dentro delas intenções e conceitos enunciados de perguntas e respostas, de filosofias entrançadas em ensaios coxos.
Desbravando moinhos de vento caminhamos todos inchados carregando na vasilha o verbo inventar.
 Na sombra da parede branca somos todos, Don Quixote de La Mancha cavalgando pelos desertos quentes do desejo.
Criar é um suspiro de liberdade...

https://vimeo.com/48717374#t=0

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Como passa o tempo, passa mastigando a pele, passa como trovoadas de verão deixando na cara
á banda, gente de boca escancarada, deixando no peito um suspiro crescente.
Expelem veneno cobrindo a culpa seca de palavras vãs e vivem de dedos esticados apontando o seu próprio reflexo.
Perseguidas por fantasmas e histórias alienadas espiam as vidas alheias granjeando uma luz, uma razão, um motivo para viverem, alimentando-se de restos, de sopros gritam para quem as quiser ouvir...
“Sou Feliz!”
Deixei de ter pena, deixei para trás essas coisas insignificantes...
 Como passa o tempo, passa mastigando a pele, passa como trovoadas de verão, deixando no peito um suspiro deixando no meu seio apenas as intenções doces.
No meu regaço abraço a vida a luz o amor, no meu colo respiro livre e ausente de filosofias baratas, tenho em mim o mundo gestante tenho na ponta dos lábios o sal e na ponta dos dedos a doçura dos teus braços...
Seremos mais, seremos melhores, seremos casa, lar, seremos únicos sempre!
Serão apenas mais uns meses...








Radiohead - Paranoid Android (HQ)