quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Preta clara



No fundo da lagoa fica a alma espelhada de olhos esbugalhados, guardas frios e húmidos os segredos de uma vida inveterando as mãos grandes no corpo barro, desafogando diálogos profundos das águas cristalinas, cirandas de vento cobrindo de cor cada movimento cada ponto cada segmento.
De coração na boca desvias a luz verde e o sal entranhado de cristais e outros que tais, cobres-te de braços e trapos com abraços acolhes no teu peito o sol e a lua, danças laranjas de fogo e azul metal e á superfície cantas histórias de pés descalços pelo quintal.
Por de trás da cortina ouvem-se os andamentos ritmados marcando na areia molhada os dedos calos de tanta estrada, no fundo da janela vislumbram-se vozes nas bordas dos tachos, cheira a mar, cheira terra, no chão da lagoa os bichos escondem se de vaidades e na ponta da corda revelas catraia uma curiosidade endiabrada.  
Preta clara de olhos pequenos sorri.
Tímida, esboças esgrafitando palavras paridas de cansaço. No fundo da lagoa trova a tágide o tempo, encanta de saltos vermelhos teu tormento e no entardecer terás sempre enorme a lua salpicando-te de luz ao relento.

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