segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"Assento-me eu ou assentas te tu... "



Rubra, intensa, profunda, abraças no colo o remanso e a lassidão.
Imponente, ergueste no meio do tempo, guardas em silêncio segredos, confidencias e olhares...
Rubra, permaneces, inteira, sólida, delicada escutas o papear do entardecer anunciando mais um dia.





quinta-feira, 25 de agosto de 2011

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Se ao menos conseguisse escrever o que sinto os meus olhos falariam mais baixo...






Todos os dias penso? Sinto? Desejo? Todos os dias existo!
Todos os dias desembaraço conceitos, preconceitos, inquietações, desafios, impugnações... desencubro sorrisos, abraços, carinhos...
Todos os dias?
Todos os dias exumo tristezas, mágoas, duvidas, revoltas...todos os dias cultivo, indulto, aceito...
Todos os dias penso que sinto, que desejo, todos os dias existo!
Uns dias cresço outros diminuo mas todos os dias amo mais um bocadinho...

Nina Simone - Ain't Got No...I've Got Life




I've got life
I've got my freedom
I've got life and I'm gonna keep it!

um alentejo diferente



Outeiro fundeiro

Mais uma vez a caminho do outeiro fundeiro, do sol quente, do cheiro a terra nas mãos grandes e vermelhas, do abraço sincero... das janelas misteriosas da luz funda e serena, do céu aceso e colossal, do olhar meigo da eddy e dos repentes enlouquecidos do bazuca, da teimosia encabrestada da lucy e das papoilas deliciosamente secas, penduradas de soslaio ao canto sua boca, do cheiro do café carregado de momentos íntimos e de palavras nossas, mais uma vez de volta as paredes alentejanas caiadas de história e gente, das oliveiras novas cantando o azeite dourado em fio e das figueiras maduras inebriando de mel as abelhas rainhas...mais uma vez faço a rota das noras passo por elas, olhando-as sorrindo para elas...já sinto a alvorada corada em pontas dançando envergonhada alegria nona de Beethoven, nos meus pés mergulha fresca a água do poço verde, transparente e cheio de vida, estou perto sempre perto... já sinto o perfume a fumo da lareira vermelha e o barro incandescente do forno, neste momento, neste preciso momento estamos sentadas no beiral da cozinha carcomido pela vida, ensaiando palavras em forma de conversas e partilhando sem compromissos desejos, frustrações, duvidas e decisões... no fundo do copo desfrutamos um bom vinho e ao som das cordas vocais dançam os nossos olhos, dançam as nossas mãos numa ciranda de sonhos... da tua janela vejo o meu reflexo, vejo a casa da velha jaquina, vejo o por do sol cobrindo de magia a imensidão do tempo, da tua janela consigo ver o caminho...

palavras...



Palavras...como diria meu querido amigo Raul, "Nenhum de nós sabe o que existe e o que não existe. Vivemos de palavras. Vamos até à cova com palavras. Submetem-nos, subjugam-nos. Pesam toneladas, têm a espessura de montanhas. São as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem. Mas há momentos em que cada um redobra de proporções, há momentos em que a vida se me afigura iluminada por outra claridade. Há momentos em que cada um grita: - Eu não vivi! eu não vivi! eu não vivi! - Há momentos em que deparamos com outra figura maior, que nos mete medo. A vida é só isto? "

(Raul Brandão- Húmus )

terça-feira, 23 de agosto de 2011

noites de verão...


"É rápido como uma sombra, curto com um sonho
Breve como um relâmpago na noite fria
Que com melancolia revela tanto o céu quanto a terra
E antes que o homem consiga dizer "Veja!"
Os dentes da noite o devoram.
E assim, depressa, tudo o que é luminoso
Desaparece em meio à perplexidade"

(William Shakespeare)