quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Tantas coisas, todos os dias...







































Tantas coisas, todos os dias... nas pedras da calçada os meus pés sentem-se descalços.
Nas mãos consigo agarrar a brisa suave. Prendo-a nos cabelos deixando o cheiro da madrugada entranhar-se, e nos meus lábios penetram palavras.  Nos meus olhos carrego outros olhos, carrego as paredes cantantes de gritos de cores. 
Dentro do meu peito o ar transborda o cheiro da cidade e no meu corpo o movimento perpetuo dos eléctricos esboçando a cidade de sol... o tempo?
Eu sou o tempo, a máquina, sou o engenho, o motor, eu sinto cada memória, cada saudade, tristeza, cada angústia, alegria cada sorriso, Cada manifestação de amor...
sou tudo isso e nada. Do meu peito brotam pinceladas brancas cobrindo o meu corpo de sentimentos transparentes, de sensações rubras e pressentimentos negros, sou o sonho e a tempestade.
Nesta terra de gente, insisto e não desisto, acredito no desejo, na vontade de um dia ser mais, ser maior melhor, ser para sempre...um sorriso, um abraço.
Entre as ruas e as vielas passam pesados os fantasmas daqueles que não dormem, dos que se arrastam em cada poça enlameada de promessas e ilusões sofríveis, ouço as gargalhadas dos contentes e as lamúrias dos cansados... abandonaram a loucura e o desejo, nos seus olhos existe apenas a lembrança turva do prazer.
A liberdade morreu, enterraram-na.Já ninguém se atreve a querer.
Tantas coisas, todos os dias...

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