sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Vermelho incarnado...




Rasgo com as minhas mãos, com as minhas próprias vontades o desespero de sentir profundo.
O desespero de ser intensamente tudo o que toco, tudo o que amo...
Nesta ciranda morta, arrasto apenas a lembrança inocente de um dia sentir-me criança.
Passo transparente entre os defuntos sorrisos, passo nas mesmas pedras, nas mesmas ruas onde um dia gritaram o desejo de ser livre...
Olho dentro de cada palavra, de cada expressão exausta, olho cada ruga, cada murmuro...
A memória é um luxo!
Nesta terra de senhores já ninguém tira o chapéu...
Ouço passos lentos, pequenos, ouço o vento por de trás da vidraça, as ruas estão cheias de fantasmas.
Já ninguém colhe as flores...
Foram esquecidos os finados!
A dor encravou-se nos corpos adornados de brilho e cor, e os pés arrastam-se em pontas suportando o peso da inércia em agulhas frias... metálicas.
Onde está a indignação e a intenção... onde guardaram a coragem, onde ficaram o grito e a liberdade?
Vermelho, senhor...perfumado transportas em cada pétala o passado.
Este país ficou na saudade...

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